Estudo indica que pato-corredor é espécie ameaçada de extinção no Tocantins

Por Funatura

29 de setembro de 2021

A região do médio rio Araguaia abriga a principal população do pato-corredor no bioma Cerrado. Foto: Paulo Antas

Artigo recém publicado na revista internacional da Sociedade de Ornitologia Neotropical destaca a importância de declarar como ameaçada de extinção a espécie Neochen jubata, conhecida como pato-corredor ou marrecão. Ele é encontrado no médio Rio Araguaia, no estado do Tocantins. Leia a íntegra do artigo científico aqui.

A Funatura participou dos estudos sobre a maior população remanescente do pato-corredor no bioma Cerrado. O artigo aponta para a necessidade de estabelecer um plano de ação para conservação do pato-corredor no entorno da ilha do Bananal (TO) e uma avaliação da situação da espécie no restante do Brasil.

“A nossa preocupação com a conservação dessa população e da espécie no estado do Tocantins e no Brasil foi o principal resultado. Já tínhamos encaminhado, em 2019, um ofício da Funatura e da Universidade Federal do Tocantins – que também participou ativamente do projeto, com recursos, apoio e a pesquisa do professor Renato Torres Pinheiro – solicitando a indicação do pato-corredor como ameaçado no estado”, explica o biólogo e doutor em fauna, Paulo de Tarso Antas.

Como não houve movimentação do órgão ambiental estadual nesse sentido, a Funatura enviará o artigo produzido em parceira com outros pesquisadores, além do Dr. Paulo Antas, para retomar a indicação e reavivar o assunto junto à Secretaria de Meio Ambiente do Tocantins.

Os estudos dos especialistas mostram que a queda populacional observada nos últimos 10 anos, o tamanho máximo estimado e as significativas concentrações estacionais de indivíduos em área muito restrita são motivos suficientes para classificar a espécie como ameaçada de extinção.

Essa classificação segue os critérios estabelecidos pela União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN), os mesmos utilizados no Brasil pelos órgãos federais da área e dos estados que já fizeram suas listas locais de espécies ameaçadas.

Uma parte dos resultados da análise do estudo foi obtida por meio de projeto da Funatura apoiado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza entre 2017 e 2018. Nos anos seguintes, o trabalho contou com o apoio da Universidade Federal do Tocantins e da National Geographic Society, na pessoa da Dra. Lisa Davenport, da Universidade da Flórida.

PATO-CORREDOR

O pato-corredor ou marrecão (Neochen jubata) é um herbívoro especializado em pastar em formações abertas ribeirinhas, assim como algas filamentosas, com distribuição geográfica histórica em boa parte da América do Sul tropical.

Séculos de caça excessiva e perda de habitats cruciais pela ação do homem resultaram nas atuais populações esparsas da espécie, sendo categorizado como quase ameaçada (Near Threatened) internacionalmente.

A região do médio rio Araguaia, entre os estados do Tocantins, Pará e Mato Grosso, abriga a principal população do pato-corredor no bioma Cerrado, onde é encontrado tanto nas florestas e cerrados inundáveis, como em plantios de arroz irrigado.

Essa população concentra-se em uma parte dos arrozais do município de Lagoa da Confusão (TO) durante o período de cheia da bacia do rio Araguaia, quando estacionalmente o rio sobe e encobre as praias entre dezembro e maio de cada ano.

A espécie não causa danos econômicos nos arrozais. Entretanto, as grandes concentrações de indivíduos em áreas relativamente pequenas de plantios de arroz deixam a população vulnerável a ações humanas negativas diretas ou indiretas, por exemplo pela dispersão de doenças de aves domésticas para os patos-corredores.

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